segunda-feira, 17 de novembro de 2014












Experiments in the Environment (1950) de Anna Halprin
Intervenção realizada num hangar do aeroporto de São Francisco.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Trisha Brown e a rua

Trisha Brown na década de sessenta, artista propõe novos espaços para a dança, a rua como espaço estético-político de atuação.


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Sapatos

"O jogo dos passos cria espaços tece lugares" 
                                     Michel de Certeau



No domingo - 14 de setembro dançamos com sapatos. A experimentação artística aconteceu do Parque no Bicão na cidade de São Carlos interior do estado de SP, 8 º Festival Contato.   

Sim, havia muitas pessoas, e muitos pares de sapatos e nós. Dois palcos e um caminho entre eles, pessoas em trânsito festivo e nós, multiplicando os espaços, esferas do imaginário. Estado do entre, de não saber e ir e ser; com toda inteireza nossa, cada passo. Eu sou meu passo vivo.  Eu posso e com todo compasso descompassado eu sigo. Tem destino meu caminhar?  

A experiência de percorrer pelos espaços públicos carregando muitos pares de sapatos baseia-se no desejo do trajeto inverso. O corpo a caminho segue traçando possíveis relações entre os espaços, sapatos, paredes, árvores, ruas, calçadas, escadas, outros. A dança cria-se nesse balanço.  

Pesquisar as complexas corpografias por meio aos passos. Os sapatos da história: memória inscrita no corpo. Um determinado recorte, eu lanço, eu vou, nós vamos.  Que se faça a vida, o teatro, as relações, as oposições. Que no conflito avancemos no processo, sempre em processo.  

Na cidade há lugar para todas as histórias? 

Para você, terno preto sapato social. Para você, vestidinho curto sandália social. Você, camisa e bermuda com chinelo social? 

A história compartilhada faz do encontro, outro. Eu também sou você. Partilho com você meu ossos, pele, nervos, buracos; iguais e diferentes dos seus. Eu sou aquela música, o som que sai do seu esforço. Você sou eu, deitada no chão, pele e terra grudadas num circuito pedindo apelo aos céus.  

O suor que escorre em nós não é ponto final.     
é seiva que alimenta a matéria.
é princípio da escavação
até as camadas do invisível.
e de lá, cara a cara com os submundos,
emergir. 
desorganizar para expandir.


Georgianna Dantas

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

OFICINA- escrita sobre o primeiro dia!
Em setembro durante o Festival Contato em São Carlos, eu e Georgianna Dantas ministramos a oficina de três dias chamada por nós de “Trânsito: investigações acerca do corpo em espaço urbano”, agradecemos aos participantes pela entrega, segue aqui um relato poético sobre o primeiro dia de trabalho.

Nosso trabalho inicia-se com exercícios práticos, antes de ir para a rua, começamos dentro de sala, ali nós começamos um trabalho de escuta através do contato.
Tornar a escuta do corpo possível. Ouvir para depois dizer. Pouco se escuta o corpo. Ali se abre um espaço pra isso. Ali procuramos construir um espaço de liberdade, para que possamos enxergar além dos padrões de comportamento.
Ao decorrer dos exercícios pude perceber uma aura diferente naquela sala, aos poucos, fomos nos conhecendo.
Conhecer com o tato. Conhecer a matéria. Essa que tanto nos estranha e que tanto nos causa espanto. É preciso fechar os olhos para sentir. É preciso deixar de lado certas barreiras para alcançar a experiência. O corpo é cheio de verdades que ignoramos.
Fomos descobrindo com o grupo a necessidade de desconstrução. A necessidade de envolver-se de outro modo com o corpo, o seu e o do outro. Fomos descobrindo os vários corpos que habitam e desabitam o espaço.
O corpo da planta foi parar no meio da sala!
O corpo de alguém pulou pra fora da sala e deu um grito!
(O corpo das pessoas) que assistia aula parou para observar (o corpo do faxineiro) disse que achou interessante e necessário aquilo, (o corpo do espaço) estremeceu e ganhou mais espaço daquele espaço. Os espaços da instituição onde estávamos iam se tornando mais interessantes.
Nesse primeiro momento de oficina, nos interessava provocar a percepção dos participantes acerca corpo e dos corpos possíveis de contato e criação. Abrir a escuta para que pudéssemos depois encontrar-se com a rua. Nossos sentidos estão demasiadamente adormecidos, então esse trabalho é a experiência, é a vitalidade, e carrega seu potencial subversivo num tempo onde correr é natural, parar, perceber e sentir é quase proibido.

Mayra 


Mayra Pimenta é licenciada em artes cênicas pela Ufop, é atriz, bailarina e performer. Atualmente é colaboradora do Núcleo Anticorpos (MG) e da Cia. Etra de Dança Contemporânea (SP).