terça-feira, 28 de abril de 2015

TrÂnsito

Oficina Trânsito - Investigação do corpo em espaço urbano

A Ilha que nos habita ou Relato tardio sobre experiência 
artística em Ilha Solteira-SP  

Fomos nós mais uma vez para uma desconhecida cidade cercada por um céu volumoso onde a água vai bordando as margens da terra firme em que habita um punhado de gente com grande gosto pela arte. Teatro e dança. É teatro ou é dança essa oficina de vocês? -é um pouco de tudo. Ou -pode ser o que você desejar. (...) Com uns a vontade e outros com atitudes meio suspeitas, o grupo foi de formando com atores que nunca havia dançado e bailarinos e bailarinas clássicas que nunca havia feito teatro.

Performance? …ninguém. Que bom! Algo novo é sempre bom. A surpresa é muito boa, as vezes a surpresa só faz sentido depois e comigo isso acontece bastante. 

A oficina começou e para ser sincera, fazia algum tempo que eu não apreciava o balé. Essa surpresa se fez em mim. Seguimos com o corpo e espaço poroso. Seguimos redescobrindo o que sempre foi nosso. Presença em estado de criação. Escuta. Vértebras. Ossos. Chão. 

Depois da deriva, que fez pensar o ato que foi realizado e transformado mutuamente por todos; o céu da cidade habitou os corpos de outro jeito. O vento bateu diferente porque tinha um corpo ali, naquele lugar, daquele jeito onde ninguém nunca havia estado. 

O que era dança o que era teatro, para aquele acontecimento essa definição não tinha importância, não cabia ali.     

Se era algum experimento artístico performático urbano? 

Pode ser. Pode ser. 

Mas, mais do que esse palavreado tão grande, eram lindos seres entregues a si mesmos e ao vento que os deixavam livres para bailar embaixo do céu mais extraordinário que me apareceu. 

Era um estado de graça que todos nós deveríamos experimentar!                             
                                                                                                                                               
Georgianna





       

Fotos: Georgianna Dantas


Realização:

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Escrito  sobre a oficina 

“Trânsito- Investigação do corpo em espaço urbano” 

na cidade de Penápolis-SP em fevereiro de 2015.


Nosso encontro com Penápolis foi de uma dupla receptividade amorosa. Tivemos dois anjos que nos acompanharam e foi através deles que conhecemos um pouco da cidade. Alugamos bicicletas e no centro cultural começamos a oficina em um chão de quadrados preto e branco. Muitas pessoas nos assistiam enquanto estávamos lá querendo encontrar algo que nos remetesse ao desejo. 
Foi um processo inesperado e dessa vez, muito íntimo; a pesquisa individual dos participantes foi aparecendo muito fortemente, e esse era também uns dos objetivos do nosso trabalho. Provocador observar como cada um se relacionada com o grupo a partir da sua pesquisa individual. 
Depois de um primeiro momento da oficina, percorremos um caminho sem julgamento e com abertura para a busca de um reconhecimento de si. Reviramos o espaço de quadrados preto e branco; mudamos as paredes em relação a nós, o passo em relação ao outro, o ritmo em relação a música. 
Formamos um bando e fomos andando para algo que não sabíamos o que era. Estávamos lá, numa praça com magnificas árvores, água, pedras, sol e a nossa presença. 
Eu como fotógrafa, ao assistir o jogo de cada performance, sorria inteiramente. Como é sutil a diferença do estado criativo de um corpo e o estado de uma árvore em flor. Como são bonitas as formas de comunicação sem palavras. E como é interessante o processo artístico ser compreendido e não ser necessariamente entendido com todos os pingos nos is. Como é bom aceitar as complexidades das coisas!


Georgianna
                                                                                                                                                                                                                                                
Foto: Guilherme Garrote


Esse oficina foi realizada através dos patrocínios: